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terça-feira, 31 de março de 2009

Eles não sabem nem sonham...




Pedra Filosofal

Manuel Freire
Composição: António Gedeão

Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer

Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos

Como estes pinheiros altos
Que em verde e oiro se agitam
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul

Eles não sabem que sonho
É vinho, é espuma, é fermento
Bichinho alacre e sedento
De focinho pontiagudo
Em perpétuo movimento

Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel
Base, fuste ou capitel
Arco em ogiva, vitral,
Pináculo de catedral,
Contraponto, sinfonia,
Máscara grega, magia,
Que é retorta de alquimista

Mapa do mundo distante
Rosa dos ventos, infante
Caravela quinhentista
Que é cabo da boa-esperança

Ouro, canela, marfim
Florete de espadachim
Bastidor, passo de dança
Columbina e arlequim

Passarola voadora
Pára-raios, locomotiva
Barco de proa festiva
Alto-forno, geradora

Cisão do átomo, radar
Ultra-som, televisão
Desembarque em foguetão
Na superfície lunar

Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que o homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos duma criança

2 comentários:

O bEM viVER disse...

Emília querida,

Ruim acabar de deixar um comentário sobre violência nas escolas e chegar aqui e ver essa linda poesia, falando sobre a criança. Que verdadeioramente não sabem. "Não sabem o que fazem, o que fizeram ou o que deixaram elas se tornarem. Porque quando nasceram, eram límpidas, inocentes.
Mas, o meio, a situação, a abstenção,...tudo transformam-nas em transviados? Complicado.

Lena

Natural Naturalmente disse...

Adorei
Meu filho "dedilha" esta musica no violão.
Acho a letra e a musica divinas.
bjs
Márcia
www.leitedaterra.blogspot.com